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Com renda média de R$ 3 mil, favelas têm seu próprio perfil de consumo

Pesquisa identifica padrões de consumo nas favelas brasileiras, e mostra potencial de R$ 167 bilhões nesses mercados

favelas © - Shutterstock
por Redação dezembro 26, 2023
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Uma pesquisa realizada pela holding NÓS Inteligência e Inovação Social nas quinze maiores favelas do Brasil mostrou que as comunidades têm uma renda média de R$ 3.036,23 e um potencial de consumo de R$ 167 bilhões ao ano. No setor de alimentação, bares e restaurantes locais movimentam muito dinheiro. Mas o consumo de alimentos fora do lar gerou um potencial superior a R$ 438,3 milhões em 2023, com destaque para as compras por delivery: 30% dos consumidores pedem comida por aplicativos de entrega ao menos uma vez por semana. Além disso, 66% dos jovens entre 18 e 24 anos possuem apps de delivery em seus celulares.

O levantamento, que foi antecipado para o UOL, traça o perfil de consumo das favelas brasileiras. Ao todo, são mais de 6 mil em todo o país, com mais de quatro milhões de famílias e 12 milhões de habitantes.

Mercadinhos e restaurantes locais são os preferidos nas favelas

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© – Shutterstock

No setor de alimentação, apesar da popularização do delivery, os mercadinhos e restaurantes locais ainda são os mais escolhidos entre as famílias. Um dos destaques do levantamento é o investimento em alimentação nos domicílios, que superou R$ 1,2 bilhão em 2023. A maioria prefere adquirir produtos em mercadinhos/mercearias (52%) e supermercados nas comunidades (45%). Depois vêm atacado e varejo (35%), supermercados fora das comunidades (26%) e padarias (14%).

A praticidade, por ser perto de casa (81%), é o principal fator para a escolha. Os entrevistados também disseram que é mais barato (33%). “É como se o próprio consumo da favela fosse a ‘prova dos 9’ de como a favela é potência transformadora econômica. O olhar empático para o outro, para o vizinho, é muito maior dentro da comunidade do que fora dela”, disse Emília Rabello, fundadora e CEO da holding NÓS, à reportagem do UOL.

App de delivery

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O consumo fora de casa gerou um potencial superior a R$ 438,3 milhões em 2023, com destaque para as compras por delivery: 30% dos consumidores pedem comida por aplicativos de entrega ao menos uma vez por semana. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a tendência é mais latente, pois 66% deles têm esse tipo de aplicativo instalado em seus celulares.

De acordo com a pesquisa, o iFood lidera como a plataforma mais utilizada entre os entrevistados (41%), mas as “outras plataformas” – geralmente dos próprios restaurantes – vêm em seguida, com 38%.

Como é viver em favelas

Segundo o site Favela tem Memória, muitas pessoas não sabem o que é uma favela, outras têm uma vaga ideia do que corresponde à realidade e outros não têm a menor noção do que acontece nelas. O site reforça que nas favelas moram pessoas comuns, com trabalho, sonhos, família, com dias melhores e piores. E, apesar do que se pode pensar, as pessoas na favela não vivem em extrema pobreza. Em geral, eles têm um salário que, embora precário, cobre suas necessidades básicas (se moram em uma favela, é porque o salário não lhes permite pagar aluguel ou comprar um apartamento em áreas mais ricas). Eles não estão morrendo de fome, têm roupas para vestir, se reúnem para conversar, beber ou tocar música, ou seja, são pessoas comuns. Além, disso, eles têm padrões de consumo, ainda que limitados, como mostra a pesquisa da NÓS Inteligência e Inovação Social.




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